Semana da Mulher: “Parem de nos matar”, apela modelo trans

A modelo Kayla Oliveira, 26 anos, natural de Tamboril (Ceará) – município com aproximadamente 25 mil habitantes – deixou o sertão, onde trabalhava com telemarketing, para trabalhar como modelo. Integrando a nova geração de apostas da moda brasileira, a jovem de 25 anos vendia planos telefônicos, até participar da seleção de modelos “The Look of The Year”, onde ficou entre as finalistas da edição de 2018.

Kayla Oliveira (Foto: Michael Rodrigues/Divulgação)
Kayla Oliveira (Foto: Michael Rodrigues/Divulgação)

O concurso, o mesmo que descobriu Gisele Bündchen, nos anos 1990, é promovido pela JOY Management, de Liliana Gomes e Marcelo Fonseca, agência que catapultou a top Lais Ribeiro ao estrelato. Desde então, estrela campanhas para grifes de moda, beleza e acessórios e, no último ano, debutou nas passarelas do São Paulo Fashion Week, onde desfilou com exclusividade para a grife Misci.

Kayla Oliveira é a terceira mulher da série do “Elas no Tapete Vermelho“, que na Semana da Mulher tem dado voz a modelos que fogem dos padrões até pouco tempo estabelecidos pelo mundo fashion. Já foram publicadas as ideias da modelo e bailarina plus size Raphaella Tratske e a modelo negra e da favela Thais Queiroz. Na sexta (11), publicamos a matéria com Giulia Dias, que tem várias cicatrizes no rosto e no corpo.

Kayla Oliveira (Foto: Michael Rodrigues/Divulgação)
Kayla Oliveira (Foto: Michael Rodrigues/Divulgação)

Entre os principais obstáculos para as pessoas transgêneros, Kayla aponta, em vídeo exclusivo gravado para o “Elas no Tapete Vermelho” ,o preconceito. “Ele nos afasta do convívio social”, disse. “Quero poder usar a moda como plataforma para inclusão, para debate, para colaborar na busca por respeito às travestis e transexuais. É uma questão onde ainda há muito para evoluir. Precisamos de mais empatia e respeito!”. Assista ao vídeo completo abaixo.

Confira as respostas de Kayla Oliveira nesta Semana da Mulher

Elas no Tapete Vermelho – Qual o maior perrengue que você passou por ser mulher trans?
Kayla Oliveira – Vivemos em um mundo repleto de preconceitos, são muitos os perrengues que uma mulher trans precisa enfrentar. Uma vez saí com um menino, para quem eu já havia contado que sou trans, justamente para evitar algo de ruim, mas quando nos encontramos, ele falou que não sabia e foi uma situação bastante desagradável.

Elas no Tapete Vermelho – Nesta Semana da Mulher, o que você realmente gostaria de comemorar?
Kayla Oliveira – Teria vários motivos para comemorar, mas seria um grande avanço e uma alegria enorme a queda do número de assassinato de mulheres trans. Também precisamos de mais oportunidades e respeito, para todas nós, além do direito de ir e vir, sem nos preocuparmos com o que possa acontecer, já que falamos do país que mais mata mulheres trans no mundo todo.

Kayla Oliveira (Foto: Michael Rodrigues/Divulgação)
Kayla Oliveira (Foto: Michael Rodrigues/Divulgação)

Elas no Tapete Vermelho – Você acha que a sociedade evoluiu nos últimos anos em relação à aceitação da diversidade?
Kayla Oliveira – Toda vez que damos um passo à frente, parece que logo depois voltamos dois passos atrás. A sociedade não evoluiu o suficiente com nós. Nós é que não estamos nos calando diante do preconceito e estamos indo atrás dos nossos direitos. Quem está evoluindo somos nós.

Kayla Oliveira (Foto: Divulgação/Joy Manegeament)
Kayla Oliveira (Foto: Divulgação/Joy Manegeament)

Elas no Tapete Vermelho – Há sororidade/parceria entre as mulheres trans?
Kayla Oliveira – Não, isso ainda falta muito.

Elas no Tapete Vermelho – Qual o recado que você gostaria de deixar neste Dia da Mulher para a sociedade em geral e também para os jovens?
Kayla Oliveira – Parem de nos matar. Somos todas iguais. Sejam felizes e nos deixem ser também.

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