Com volta de Balenciaga, alta-costura se impõe no streetwear

Os desfiles de alta-costura terminaram nesta quinta-feira em Paris, com 32 apresentações oficiais, algumas com plateia e outras apenas virtuais. Com o retorno da Balenciaga ao seleto grupo de “Haute Couture”, expressão que só pode ser usada pelas grifes autorizadas pela federação oficial da alta-costura de Paris, parece que as marcas querem rejuvenescer e ouvir o que as ruas pedem.

Look alta-costura de Balenciaga (Foto: Reprodução/Instagram)
Look alta-costura de Balenciaga (Foto: Reprodução/Instagram)

Claro que os looks de tapetes vermelhos, feitos de forma exclusiva e com técnicas refinadas de costura e de bordados à mão, continuam lá. E não poderia ser diferente, porque é um dos requisitos necessários para que a marca possa desfilar na semana dedicada à alta-costura.

Mas t-shirts, jaquetas, jeans e até blusas de tricô, terninhos (masculinos, femininos e sem gênero) passearam pelas passarelas da alta-costura, nessa mudança tão necessária nos parâmetros da moda que os tempos atuais pedem. Peças essas também construídas com todas as técnicas de “couture”.

Looks de alta-costura de Jean Paul Gaultier (Foto: Reprodução/Instagram)
Look de alta-costura de Jean Paul Gaultier (Foto: Reprodução/Instagram)

E por que a volta de Balenciaga à alta-costura é realmente um divisor de águas na alta-costura? Porque o estilista Demma Gvasalia tem traçado os rumos da moda, traduzindo as aspirações das ruas, desde que lançou em 2014 a Vetements, com suas peças amplas e confortáveis, que se mantêm até hoje. Em 2015, assumiu a direção criativa da Balenciaga e, após 53 anos de ausência, foi o responsável pelo retorno da marca francesa à alta-costura.

Look alta-costura de Balenciaga (Foto: Reprodução/Instagram)
Look alta-costura de Balenciaga (Foto: Reprodução/Instagram)

No final dos anos 1960, Cristóbal Balenciaga fechou seu ateliê na rua George V, pois não se adaptou às demandas do prêt-à-porter. Em meados dos anos 1980, a marca foi reaberta, mas a volta à “haute couture” aconteceu só nesta quarta-feira (7) no mesmo espaço fechado há cinco décadas. E ao contrário de seu fundador, Demma sabe como ninguém interpretar os novos tempos, sem perder a essência do criador espanhol: looks arquitetônicos, feitos com a maestria de um verdadeiro “couturier”.

Outras grifes também mostraram peças modernas, cheias de atitude e com apelo streetwear. Confira algumas delas

Balenciaga

Demma Gvasalia, 40 anos, é o responsável por empregar perfume jovem e atual aos looks de alta-costura da Balenciaga. Mas os internautas não se conformam e muitos indagam se realmente tais peças podem ser consideradas alta-costura. O tempo dirá. Só lembrando que em 2014, Karl Lagerfeld colocou tênis e pochete no desfile. Hoje, todo mundo usa até em eventos de tapete vermelho, como no último Oscar.  Confira alguns looks da Balenciaga abaixo.

Dior

A Dior, que tem como diretora criativa a italiana Maria Grazia Chiuri, levou as técnicas de alta-costura ao extremo, apostando na tapeçaria, nos bordados e nas texturas dos tecidos, em looks que também vêm com perfume das ruas, como botas, bermudas, jaquetas e casacos.

Jean Paul Gaultier

Em janeiro de 2020, o estilista Jean Paul Gaultier revelou que deixaria de assinar também a coleção de alta-costura, pois já havia se afastado do prêt-à-porter. Mas apresentaria coleções assinadas em colaboração com outros estilistas. Foi o que aconteceu nesta quarta-feira (7), após um ano de atraso, por conta da pandemia. Viu-se releituras de ícones do estilistas feitos pela designer japonesa Chitose Abe, diretora de criação e fundadora da Sacai, com muito tecido em risca-de-giz. Vale lembrar dos corsets estruturados (à la Madonna), do estilo marinheiro, o militar e as segundas peles que lembram tatuagem e invadem a pele propriamente dita.

Schiparelli

Elsa Schiparelli foi conhecida pela sua proximidade com o surrealismo na primeira metade do século 20. A marca não deixa isso de lado, como pode ser visto nos botões de flor com olho no centro aplicados na jaqueta de inspiração biker, com mangas enormes. Uma influência que também vem das ruas.


Azzaro

A Azzaro também levou terninhos, para homens e mulheres, alguns com brilhos, lembrando os anos 1970 e a era disco para seu vídeo de alta-costura. Vestidos fluidos, casacos alongados blazer e recortes fizeram parte da apresentação.

Giambattista Valli

O estilista Giambattista Valli também mostrou ternos masculinos, ornados com capas em sua apresentação de alta-costura, sem deixar de lado vestidos com babados e laços.

 

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