Os uniformes dos atletas olímpicos brasileiros estão sendo apresentados aos poucos. Nesta quarta-feira (6), foi a vez de Lenny Niemeyer exibir as peças feitas em parceria com a C&A (que não estarão à venda nas lojas da rede), que serão vestidas pelos atletas durante o desfile de abertura.
Com estampa inspirada na flora e na fauna brasileira e cores que remetem à Brandeira Nacional. Há ainda peças em tonalidade areia, com remissão ao vasto litoral do país. Estampas tropicais também foram a aposta da grife carioca Reserva para os atletas paralímpicos.
Mais controverso é o uniforme desenhado por Andrea Marques para o staff que vai entregar as medalhas aos vencedores das competições. De algodão, com flores em tons amarelos e faixas vermelhas em espiral, os vestidos receberam várias críticas, assim como as camisas, com pequenas flores verdes. Segundo Andrea, a ideia da faixa em espiral foi representar um abraço e as cores claras trazem frescor.
A curadoria para a escolha dos estilistas e dos uniformes é Paulo Borges, dentro do projeto Amo Moda Amo Brasil, que tem o objetivo de dar visibilidade mundial à criação e ao design brasileiros. “Pretendemos chamar atenção para o que nos identifica além do futebol e mostrar ao mundo onde o Brasil também é campeão”, disse o diretor do SPFW ao veículo oficial do evento de moda, o FFW.
Agora vai aqui a nossa opinião.
Por pura coincidência, os looks criados por Andrea Marques foram apresentado dia 14 de junho, data próxima ao Dia de Santo Antonio e às comemorações das festas juninas. As comparações foram inevitáveis. E com razão. A primeira imagem que vem à cabeça é das roupas floridas das quadrilhas. Não seria de todo ruim, pois tecidos como a juta e suas flores já fizeram parte de várias coleções de estilistas brasileiros, com elegância.
Andrea, que cria peças com estampas delicadas e elegantes, errou a mão nessas. Se tivesse optado pelo colorido das flores da juta ou pelas ondas do calçadão de Copacabana, pássaros e flores com referências ao Rio, como fez em seu desfile no Rio Moda Rio, dia 16 de junho, talvez tivesse obtido resultado melhor, mais chique e mais moderno. O tom das flores escolhidas está mais para outonal, meio triste, meio sem emoção. O Brasil e o Rio pedem mais cor, mais alegria.
A estilista Lenny Niemeyer teve mais coerência ao criar as peças, como paletós, calças e saias em corte de alfaiataria. As estampas tropicais, que entram e saem da moda, nos remetem a camisas de turistas, mas contemplam as cores brasileiras de forma mais viva. Os desenhos poderiam ter sido mais delicados, mas as estampas grandes e botânicas estão em alta na moda e transmitem aquilo que faltou nas roupas de Andrea: emoção. De qualquer forma, é mais criativo do que os usados em Londres 2012, com apenas os lenços estampados em batik com as cores brasileiras em azul e amarelo. O paletó era azul e as calças e saias verdes.
O tropicalismo da Reserva para os atletas paralímpicos também está de acordo com o clima carioca e brasileiro. O fundo escuro oferece certa sobriedade sem tirar o clima mais alegre das roupas. De qualquer forma, todos têm uma pegada ufanista, como não poderia deixar de ser num evento como este, alguns mais controversos, outros menos.