A Semana de Alta-Costura de Paris movimentou o mundo fashion, entre os dias 7 e 10 de julho. Além das roupas, a beleza apresentada pelas modelos na passarela também serve de inspiração. O beauty artist Marcello Costa esteve à frente da equipe de maquiagem de cinco desfiles e conversou com o Elas do Tapete Vermelho sobre as tendências.

Liderando uma equipe com mais de 60 profissionais, dirigiu os trabalhos para Imane Ayissi, Tony Ward, Ronald van der Kemp, Vaishali e Rami Al Ali. “É uma beleza simples, que a mulher pode fazer ela mesma, com os produtos que ela tem em casa”, ressaltou. Confira a entrevista completa:
Elas no Tapete Vermelho – Qual é a tendência mais importante na sua opinião para esta temporada de alta-costura (inverno 2025-2026)?
Marcello Costa – Eu percebi uma beleza muito retrógrada e até as coleções mesmo. Percebi que a gente está voltando para 1920 como a gente fez com Tony Ward, com aquele delineado clássico e pele bem finalizada, realmente ressaltando a beleza natural da mulher. A gente está retomando essa feminildade da mulher. Tony Ward com beleza meio misturada com anos 20. O Ronald van der Kemp, com aquele delineado e aquele batom vermelho, que a gente retratou a mulher Yves Saint Laurent dos anos 60. Para o Imane Ayissi, a gente voltou para o movimento dos anos 60 chamado “Black is Beautiful”, como ele um é designer africano, retomou a mulher empoderada na passarela. O Vaishali com técnica japonesa em que colam conchas com ouro, muito centenária, com linhas no rosto, com pele mate. Nessa temporada a gente não está investindo em pele molhada, é aquela mate, opaca, para ressaltar as partes corretas do rosto. O Rami Al Ali com delineado dourado gráfico também retratando o olho de gato e pele nude.
Em todos os cinco desfiles, eu usei airbrush (aerógrafo). Porque não parece ser maquiagem, parece ser aquele queimado de sol. Parece que a mulher saiu na praia ou técnicas de antigamente, que davam beliscões na bochecha para aparecer aquela coisa saudável. O airbush dá essa leveza.

Vi que os olhos ganham importância, mas de forma delicada, mas também há espaço para detalhes geométricos e modernos. Como isso pode se traduzir para o dia a dia?
O destaque é mais nos olhos, com a delicadeza sutil. Pelas peças, pelo tipo de tecido que usam na passarela, tem que representar uma mulher que não precisa de muita coisa na beleza, porque ela já é linda. É uma beleza simples, que a mulher pode fazer ela mesma, com os produtos que ela tem em casa. Que ela se sinta maravilhosa sem mudar quem ela é. Ela pode ser ela mesma.
Para a boca, qual a principal tendência dos desfiles de alta-costura: cores fortes ou do tom da pele, brilho ou mate?
Geralmente, uso lápis na parte de cima, do coração da boca, e na parte inferior dos lábios. Porque acredito que vai limitar e ressaltar o shape dos lábios. No meio tempo, tenho usado muito produto misturado com batom, como vitamina E, vaselina, balm. Isso é muito importante para poder mostrar essa beleza e ficar bem saudável. Não é mate e nem com gloss, é labio saudável, que é hidratado e com leve coloração.

E para a pele, o que você pode dizer para nossas leitoras?
Você tem que usar o fantástico três: “tônico, sérum e primer”, porque vai hidratar a sua pele. Você pode utilizar, em vez do primer, o protetor solar. Depois que cuidar da saúde da pele, você pode fazer a correção. A saúde da sua pele tem que transparecer acima da base, não cobri-la. Eu faço sempre isso nas minhas passarelas, porque sou reconhecido por essa beleza natural. Um dos truques é que faço a maquiagem inteira com corretivo, porque, quando sua pele tem esses três passos, você consegue com a esponjinha molhada cobrir os lugares que têm que ser cobertos e também consegue trazer essa saúde da pele.
Como é criar e desenvolver para cada marca?
Na questão de criar novos looks, para mim, toda coleção é um novo começo, é uma nova história, um novo capítulo. É você entrar nesse mundo de personalização e caracterização, e trazer aquela visão para a vida.

E como é liderar uma equipe enorme, incluindo 2 desfiles por dia, com makes diferentes, sendo que cada make parece ter sido feita por apenas uma pessoa.
Esse é o meu maior desafio. Nos meus 22 anos de experiência, eu tive a oportunidade de ser assistente de grandes nomes da indústria. Liderar é educar, é saber comunicar, é saber que vai dar certo, é cativar a sua equipe. Um líder tem que saber respeitar o profissional, saber trazer o que ele tem de melhor para oferecer para ter um resultado lindo. E não limitar. Saber que o seu jeito não é o melhor jeito. Criar dois looks por dia é muito pesado, mas eu amo o que eu faço. Para mim, é realmente orquestrar toda a equipe para isso.
