O projeto “Carol Bassi visita Conrado Segreto” vai muito além de uma simples homenagem ao estilista considerado o enfant terrible da moda brasileira, que traduziu a alta-costura ao estilo brasileiro. Lançada nesta terça-feira (29), a ação, que tem o apoio da Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, quer reavivar a memória do criador, que morreu precocemente aos 32 anos, em 1992, de Aids.
Já tema de outras exposições anteriores, incluindo uma em 2018, no SPFW, o estilista foi considerado o Dener Pamplona dos anos 1980/1990, mesmo tendo feito apenas quatro desfiles monumentais e históricos, como o primeiro, na Casa Rhodia, em maio de 1989 (veja vídeo abaixo). A história de Conrado na moda durou oito anos, mas balançou as estruturas. Ele não se conformava com o pret-à-porter simples. Sempre apostou numa mulher mais glamourosa e sofisticada, com roupas que eram teatrais.
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No lançamento do projeto, no campus da Belas Artes do Shopping Cidade Jardim, foram apresentados croquis inéditos do estilista, que tinha também um talento nato para o desenho, e peças mostradas naquele primeiro desfile na Casa Rhodia. Estavam na passarela nomes como Alessandra Berriel, Claudia Liz e Silvia Pfeifer, que também marcaram presença no evento, além de Paulo Borges, diretor dos desfiles de Conrado e fundador do SPFW.
“Conheci o Conrado em 1983, como compositor e cantor. Em 1986, conheci o Conrado estilista, quando fiz o desfile para a Tecelagem Brasil junto com a Cooperativa de Moda. Ficamos muito amigos e desenvolvemos os quatro desfiles que ele fez, numa época analógica, que você não consegue encontrar. Resgatar a memória é importante para a memória em si e também para a construção de uma memória de moda”, disse Paulo Borges ao “Elas no Tapete Vermelho”.
Carol Bassi conheceu o trabalho de Conrado apenas em 2022, quando participou de uma matéria para uma revista de moda. No set, conheceu algumas peças originais do estilista. “A cultura é o que permeia cada ponto desta história, que está começando hoje e avança até agosto. Quando conheci as peças do arquivo de sua irmã, Rita Segreto, foi amor à primeira vista. Aquelas três peças foram suficientes para eu entender o olhar único deste estilista genial para retratar a forma feminina. A mulher sob a perspectiva de Conrado é absolutamente forte. Isso dialogo muito como a maneira da qual falamos da mulher hoje em dia. É muito mais atual”, disse Carol Bassi durante o evento.
Ações
A sobrinha de Conrado, Julia Segreto (filha de Rita), trabalha como gerente de pesquisa e desenvolvimento de Carol Bassi, que tem como sócio, Caio Campos. Ao lado de Patricia Cardim, diretora-geral do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, todos estão envolvidos no projeto, que desdobrará em exposição e desfile, com looks inpirados nas criações do estilista. O legado do estilista também será incluído na base curricular dos alunos nos cursos de Design de Moda, Mídias Sociais Digitais e Fotografia.
A exposição especial dedicada à obra de Conrado Segreto será inaugurada em agosto no atrium do Shopping Cidade Jardim, com produções também exibidas na loja Carol Bassi e na Faculdade Belas Artes. A mostra terá a participação dos alunos do 4º Módulo do Curso de Design de Moda da Belas Artes que irão apresentar um diálogo criativo com a obra do estilista exibindo peças inspiradas no trabalho do criador.
Os estudantes também participarão do manuseio e acompanhamento de todo processo de preparação da exposição que ficará em exibição durante todo o mês agosto. Na segunda quinzena, Carol Bassi celebrará com um desfile o lançamento da coleção exclusiva “Carol Bassi Visita Conrado Segreto”, criada sob a liderança de Julia Segreto. “Focamos em elementos recorrentes em seu trabalho, como laços, nós, o cor de rosa, os volumes, as parkas, a combinação de preto e branco e a padronagem pied de poule”, explicou Julia.