A Casa de Criadores chegou ao penúltimo dia da edição 57 fincando a bandeira no seu território: um espaço para que a criatividade corra solta, além da sustentabilidade, das novas matérias. Seres distópicos, pinturas corporais, além de roupas pintadas à mão e muito artesanato também deram as caras.

A influenciadora Bianca Andrade, dona da marca de cosméticos Boca Rosa, fechou à noite, desfilando para a Vivao Project, cuja coleção se chama Quimera Brasil. “Boca Rosa nasceu, assim como a Vivão, com o propósito de potencializar histórias gigantes. E ver essas duas marcas brasileiras e autorais unidas na Casa de Criadores é a prova de que juntos transformamos o mercado, abrimos portas e mostramos o tamanho da nossa potência”, disse Bianca.

Do metal simbólico das armaduras celestiais às flores que renascem em dunas movediças, passando pelo gótico trash e pelo skate lisérgico dos anos 2000, os desfiles revelaram um recorte potente do que move a moda autoral: emoção, narrativa e mão artesanal.
Hugo Ito Brand – Ephesians

Inspirada na passagem bíblica sobre armaduras espirituais, o estilista Hugo Ito levou para a passarela a coleção a EPHESIANS, com peças que evocam proteção e resistência. Tecidos rígidos, texturas metálicas e modelagens estruturadas criam a estética de uma armadura contemporânea.

A marca apresenta duas estampas marcantes: uma que imita metal, outra que simula sangue — metáfora das feridas que acumulamos ao longo da vida.

O streetwear dramático da grife reforça a ideia de guerreiro urbano, com recortes fortes, volumes calculados e superfícies que brilham como se refletissem batalhas internas. É moda como armadura e catarse.
UMS 458 – LL

“Days After Little Headbanger Tour” continua a pesquisa da edição anterior da UMS 458 – LL, mergulhando na cultura Tumblr, no lifestyle gótico decadente do meio-oeste americano e no trash estético que fez história nos anos 2000. É um desfile de nostalgia suja e romântica ao mesmo tempo.

As peças surgem com misturas de jeans lavados, malhas gastas, sobreposições errantes e um ar pós-show de rock adolescente. Modelagens soltas, comprimentos irregulares e uma paleta de pretos, grafites e tons amarelados reforçam o clima de melancolia pop.

Destaques para as jaquetas de soldados, algumas pintadas à mão em tons coloridos e alegres, outras escuras, sérias, misturadas com couro.
ALEXEI & Sk8burger — “Todas as Coisas Que Ela Me Disse”

Alexei revisita suas próprias memórias adolescentes e cria, a partir delas, a marca-filha Sk8burger: suja, afiada, nostálgica e vibrante. A coleção é construída como uma arqueologia emocional — rasgar, colar, pregar e recontar o passado dos anos 2000 com humor ácido.

Na passarela-pista, jeans detonados, patchwork punk, moletons oversized e alfaiataria distorcida se misturam ao toque artesanal característico da marca. Converse nos pés e maquiagem Colormake ampliam o gesto rebelde. Um bowl concreto de caos e charme skate.

Ateliê FLÚOR + AVINI — “A Flor Nossa de Cada Dia”

A coleção nasce do encontro entre natureza e poesia. Crochês, tramas artesanais e tecidos leves constroem pétalas, raízes e camadas que remetem ao ciclo da flor: nascer, desabrochar, murchar e renascer.

Tons terrosos e pastel, além de amarelos e vermelhosm conversam com texturas orgânicas, criando peças que são quase orações pela leveza. Volumes suaves, transparências e superfícies onduladas evocam fragilidade e força — a dualidade que move a vida. Cada look é um corpo-flor que se abre ao mundo, celebrando vulnerabilidade como potência.

Dystopic — “Camuflagem Rastreada”
A Dystopic transforma resíduos urbanos em símbolos de identidade. Tecidos reutilizados de lavanderias, sobras de sarja, malhas e materiais técnicos formam patchworks que funcionam como mapas afetivos da cidade. Tingimentos naturais e manipulações têxteis constroem superfícies marcadas, quase arqueológicas.

Modelagens utilitárias, bolsos múltiplos e camadas urbanas discutem visibilidade e presença dos corpos periféricos. É moda como gesto político — e como testemunho de rastros, memórias e resistências.

Vivao Project — “Quimera Brasil”

Bianca Andrade assinou a beleza e encerrou o desfile da Vivao Project, que apresentou uma coleção que mistura opostos com fluidez: autoral e comercial, ancestral e futurista, artesanal e tecnológico.

Tecidos leves, recortes sinuosos, sobreposições translúcidas e aplicações artesanais constroem um Brasil quimérico, espiritual e imprevisível.

A paleta é suave; as modelagens, orgânicas e mutáveis, como se cada peça fosse um organismo vivo. “Quimera Brasil” celebra o impossível como linguagem — e o Brasil como invenção contínua. A marca manteve seus códigos característicos como moletons e camisas pintados à mão e saias desfiadas com aplicações de ilhós.

Vivao Project (Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite)
Apresentou também novas peças que ampliam a acessibilidade e o repertório da marca, incluindo jeans, camisetas estampadas e detalhes em couro de pirarucu em cintos e regatas.
Com informações dos matériais de divulgação das marcas
