Look desfilado por Renata Buzzo na edição número 58 do SPFW, em outubro de 2024, está entre os selecionados para a mostra de 2026 da exposição do Metropolitan Museum de Nova York, a partir do dia 10 de maio. Nesta segunda-feira, o museu divulgou o tema do Met Gala, baile beneficente que se realizará dia 4 de maio, e da própria mostra: “Costume Art” (“Arte do Traje”).

“Focando principalmente na arte ocidental desde a pré-história até o presente, o espetáculo irá explorar representações artísticas do corpo vestido, combinando moda e obras de arte da vasta coleção do museu para destacar a relação inerente entre a roupa e o corpo”, explicou a instituição em suas redes sociais.
A discussão se “moda é arte” será elevada à milésima potência com o tema, já que o baile em si é o evento fashion mais importante do mundo, com celebridades vestindo looks que representam o assunto. E é nesse contexto que a escolha de Renata Buzzo realmente ganha ainda mais importância.

A coleção da estilista continua a reverberar também no trabalho da estilista, que tem denunciando o feminicídio no Brasil. As vísceras expostas no trabalho de Renata são também pedaços de corpos das vítimas de feminicídio e homícidios dolosos de mulheres. “Dados do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam) 2025, lançado pelo Ministério das Mulheres em 25/03, em Brasília, apontam que, em 2024, foram registrados 1.450 feminicídios e 2.485 homicídios dolosos de mulheres e lesões corporais seguidas de morte”, divulgou Renata Buzzo em sua conta no Instagram.

A estilista tem usado as redes sociais, enquanto reestrutura estrategicamente sua marca para 2026, para denunciar casos de assassinatos de mulheres, dando nome às mulhere assassinada e comparando com uma das criações das coleções. “Me proponho aqui a utilizar o espaço da marca não só pra vender roupa, mas pra me posicionar naquilo que acredito ser mais importante. A cada look que compartilho aqui, trago um caso recente, dando nome e contexto. É pesado mas necessário”, escreveu.

“Fala da questão da morte, são três mortes. Quando você está num relacionamento que você sofre um apagamento e você é obrigada a exercer uma coisa que você não é. É um óbito social. A gente fala da morte visceral, a mulher morre muitas vezes pela mão de gente que ela ama. E a morte metafórica de você se reinventar, de você morrer quantas vezes você precisar”, disse Renata Buzzo na época do desfile, que contou com Letícia Colin e Gkay na passarela.
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“O segredo que eu tava guardando era esse: A minha coleção feia e nada delicada, que me fez trilhar caminhos solos por aqui, foi solicitada pelo Metropolitan Museum of Art de NY para integrar o acervo permanente do museu e não só: estou na próxima exposição de maio do Met Gala. Tem um corpo que saiu da sarjeta e foi morar no museu. Em maio eu volto pra NY pra ver minhas vísceras dentro do Met. A vida é louca e eu também. PS.: Mais louco ainda é eles terem escolhido meu trabalho pra divulgar o tema. Eu fiquei sabendo na sexta que isso aconteceria, ainda não digeri, vai ver é porque eu mandei meus intestinos pra lá, desculpe o trocadilho, não podia perder a piada. Surreal!”, escreveu nas redes ao revelar a noticia.
