O estilista Augusto Paz apresentou seu segundo desfile da carreira nesta quinta-feira (14), na Galeria Caribé, em São Paulo. Se no primeiro, o luto pela perda de uma amiga foi o mote, dessa vez, a inspiração é mais alegre e doce. A coleção se chama “A Casa da Tia Cleusa”, onde ele e a irmã gêmea passaram parte da infância.
“Era onde eu podia fazer um monte de coisas que a minha não deixava: comer sorvete antes do almoço, subir no telhado”, disse ao “Elas no Tapete Vermelho”, pouco antes da apresentação, assistida pela própria Tia Cleusa, que recebeu um buquê de flores no final de Augusto.
O público sentava em cadeiras e sofás dispostos ao lado da passarela. Mesas com vasos de flores e porta-retratos com também faziam parte da decoração. Augusto revelou que se fixou mais na cozinha da casa da tia.
Assim, babados que lembravam as cortininhas que cobriam a pia e a janela e listras em tons de rosa e verde se misturavam a crochês, das barras dos guardanapos e de outros objetos confeccionados com o trabalho manual vistos na cozinha, mas que ganham versões fashion como chapéu; mangas fakes amarradas sobre os ombros, lembrando um pulôver colocado nas costas.
As luvas usadas para limpeza, amarelas ou rosa, ganham versão em malha para acompanhar vestidos de festas ou funcionando como acessório chique e poderoso.
Os caquinhos que revistiam o piso da casa (revestimentos muito comuns nos anos 1950 e 1960, em casas de bairro e de subúrbio) deram a forma para que Augusto Paz, que nasceu e cresceu em Santo André, cidade do ABC paulista, criasse bordados em vestidos e blazeres, aplicados com cristais Swarovski, um dos parceiros do estilista nesta coleção.
Formatos de saias e vestidos amplos aparecem com cinturas baixas. Muitas das roupas foram feitas em algodão, como os vestidos listrados, além de tricoline para a camisaria e crepe dupla face para a alfaiataria. Todos os tecidos foram cedidos pela Focus Têxtil. Lembrando que as peças apresentadas podem ser encomendas sob medida.
Além da moda festa, com perfume anos 1940 e 1950, as peças para uso corporativo ganham atenção do estilista, uma vez que as clientes têm pedido muito. Mas sempre aparecem detalhes diferenciados e práticos nas peças.
A camisa, por exemplo, vem com o punho das mangas de rabana (tecido canelado típico do vestuário esportivo), para que sejam levantadas, sem ter que ficar abrindo os botões e dobrando o tecido.
Os ternos, blazers e casacos são amplos, confortáveis e aparecem também em marrom, com lapelas e bolsos grandes, dando ênfase à moda utilitária.
Aliás, as cores escolhidas pelo estilista são rosa, vermelho, amarelo, azul vibrante e tons de verde, pontuadas por nuances sóbrias e neutras, como preto e marrom.
Nos acessórios, além dos colares e brincos da Swarovski, Augusto usou peças da Cuadró, da designer Carla Prado, com exclusividade para o desfile.
A partir de sobras de tecido do próprio ateliê de Augusto, técnicas como patchwork e diferentes tipos de bordado, deram forma aos complementos. Meias coloridas compunham os looks.
E, sim, Augusto Paz também fez sua noiva, misturando moda corporativa, com camisa branca sob dorso ajustado até abaixo dos quadris e saia supervolumosa. Como acessórios, cinto de crochê branco e colar de cristais.