O terceiro dia da 56ª edição da Casa de Criadores apostou na diversidade, em looks de festas alternativos, com direito até a bebê reborn de duas cabeças, além de esculturas corporais, jeans com modelagem nada tradicionais e uma estreia de peso de Guilherme Paganini, ex-modelo e namorado da atriz Giovanna Grigio, que abriu os desfiles da noite.

Moda inclusiva e feita para travestis e comunidade LGBTQIAP+, tendo inclusive a maquiadora trans Maxi Weber, que dirige a beleza do evento, desfilado para duas grifes.

Teve marca também que, além de levar casting trans, também desfilou com pessoas com deficiencia e com síndrome de Down. Confira detalhes dos desfiles.
Casa Paganini

Na primeira fila, Gominho, melhor amigo de Preta Gil, assistiu ao desfile da Casa Paganini (e das outras grifes, já que as apresentações acontecem em sequência). Estreante do evento, apresentou um repertório digno de marcas que estão há tempos no mercado.

A alfaiataria que se mistura com o stretwear traz, como nas calças compridas de modelagem larga e confortável, em jeans ou algodão. O rigor dos cortes inspiados na arquitetura dialogam com a leveza de rendas artesanais, como o filó, dos bordados e das biojoias.

O estilista estreante, que desfilou há oito anos como modelo no evento, disse que sua coleção “Raízes” fala de afetos, de memórias. “Minha avó queria ser estilista, minha mãe queria ser estilista, mas não conseguiram. Por isso, o nome da marca é Casa Paganini, uma homenagem a elas também”, afirmou Guilherme, que também levou vestidos transparentes à passarela.

Um deles foi usado também na plateia pela sua namorada Giovanna Grigio.
Dellum

A marca Dellum apresentou a coleção “The Dream/O Sonhar”. Com sua abordagem artesanal e formas orgânicas, trouxe uma incursão por novas cores e pelo monocromático, sem, no entanto, abandonar a alma bruta e sensível que a define. Transparências e tecidos pesados mostraram o que pode transitar entre o imaginário e o inconsciente.

Na passarela, peças amplas com amarrações se misturavam a outras mais secas, mas sempre confortáveis, assim bermudas, calças e vestidos surgiam ao lado de correntes metalizadas e pele à mostra, como o modelo totalmente tatuado, que ganhou inscrições com o nome da marca na cabeça.

SUKEBANwear

Uma reflexão sobre o consumo foi o mote da coleção Jungle D’luxe, da SUKEBANwear. Com peles falsas adornando corpos à mostra, a marca quis mostrar que o consumo não deve ser repensado apenas em relação às roupas.

Estavam também os corpos expostos, de travestis, trans e pessoas que estão à vista nesta selva também urbana. Os cipós se transformam em garras, em enfeites para efeitar looks também feitos em malha de metal, com muito brilho e muita pele à mostra.

Brilho, cores como rosa, azul e lilás, além do preto e branco, se misturam as peles e pelúcias que adornam os corpos. O desfile contou também com a participação de pessoas com deficiência e com sindrome de Down.
Vittor Sinistra

O estilista Vittor Sinistra levou para a passarela da Casa de Criadores sua coleção Climáx, nome de seu filme favorito, com looks criados para uma festa imaginária e “sinistra”, que trazem volumes enormes e retorcidos, como na produção lilás com botas e luvas verdes, que lembra um um flor aberta.

“Essa ideia comunica muito com a minha realidade no ateliê, as pessoas me procuram pedindo coisas mirabolantes porque elas querem arrasar e eu amo pirar com meus clientes”, explica o estilista. Criados com técnicas diversas, os looks foram feitos com reaproveitamento de resíduos da indústria, inclusive o vestido off-white, cuja modelo carregava um bebê reborn de duas cabeças. Festa sinistra e macabra, mas divertida.
Plataforma Açu

Com Maxi Weber na passarela, o coletivo Plataforma Açu, dos designers Rani Bona, Aure Nigma, Giba Duarte, levou performance, maximalismo e esculturas corporais no desfile da Casa de Criadores.

Peças oversizeds manchadas se misturavam a outras com colagens de tecidos, criando desenhos geométricos, muitas vezes finalizados tambpém com as esculturas, que pareciam uma extensão do próprio corpo.

Estúdio Traça

Se você está acostumado a usar o velho e tradicional jeans com cinco bolsos, em corte certinho, o Estúdio Traça provou na passarela que você pode e deve mudar seus conceitos. A coleção Delusionare apresenta 15 looks autorais e 10 co-criados com estudantes da FAM. Com reaproveitamento de material e apoio da Levi’s, a passarela foi quase totalmente tomada pelo jeans nada tradicional, além de tules e malhas reaproveitadas.

Mas o que mais chamu a atenção foram a descontruação de peças. Assim, jáaquetas viram corsets, mangas se transormam em vestidos, golas escorregam pelas costas, mangas viram tops, tudo misturado com metal e cinto.

E muitos em modelagem balonê, bicolor, que expandem o poder do jeans muito mais além do que nas saias com tal formato.